sábado, 10 de agosto de 2013

Precisa-se e Oferece-se

«Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.» 

Clarice Lispector

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Se me esqueceres

«Quero que saibas 
uma coisa. 

Sabes como é: 
se olho 
a lua de cristal, o ramo vermelho 
do lento outono à minha janela, 
se toco 
junto do lume 
a impalpável cinza 
ou o enrugado corpo da lenha, 
tudo me leva para ti, 
como se tudo o que existe, 
aromas, luz, metais, 
fosse pequenos barcos que navegam 
até às tuas ilhas que me esperam. 

Mas agora, 
se pouco a pouco me deixas de amar 
deixarei de te amar pouco a pouco. 

Se de súbito 
me esqueceres 
não me procures, 
porque já te terei esquecido. 

Se julgas que é vasto e louco 
o vento de bandeiras 
que passa pela minha vida 
e te resolves 
a deixar-me na margem 
do coração em que tenho raízes, 
pensa 
que nesse dia, 
a essa hora 
levantarei os braços 
e as minhas raízes sairão 
em busca de outra terra. 

Porém 
se todos os dias, 
a toda a hora, 
te sentes destinada a mim 
com doçura implacável, 
se todos os dias uma flor 
uma flor te sobe aos lábios à minha procura, 
ai meu amor, ai minha amada, 
em mim todo esse fogo se repete, 
em mim nada se apaga nem se esquece, 
o meu amor alimenta-se do teu amor, 
e enquanto viveres estará nos teus braços 
sem sair dos meus.»
Pablo Neruda, in "Poemas de Amor de Pablo Neruda

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Amar, dói!

Ainda não partiste e dói tanto só de pensar a tua ausência.
Acho que a isto se chama amor incondicional. E foste tu que o fizeste nascer em mim.  
Disse algúem que olhos molhados traduzem almas potáveis. Terei hoje e nos próximos dias, a alma mais bebível de sempre.
Mas quero tanto ver-te feliz! 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

terça-feira, 23 de julho de 2013

Al andar se hace el camino

«Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.»



Antonio Machado, "Proverbios y cantares", in Campos de Castilla

segunda-feira, 22 de julho de 2013

"Em busca de um homem sensível" - Anais Nin

«No último ano passei a maior parte do meu tempo nas Universidades, em companhia de mulheres jovens que preparavam suas teses de doutoramento sobre a minha obra. A discussão sobre o meu Diário sempre desembocava em conversas íntimas e pessoais sobre as suas próprias vidas. Assim, percebi que os ideais, os fantasmas e os desejos dessas mulheres estavam passando por uma transição. Inteligentes, bem-dotadas, integradas nas atividades de seu tempo e na criação, elas pareciam já ter superado a atração exercida pela concepção convencional da virilidade. Elas já tinham aprendido a criticar o "macho" autentico, com sua falsa masculinidade, sua força física, sua aptidão para o esporte, sua arrogância, e o que é mais grave, sua falta de sensibilidade. O herói de O Último Tango em Paris causava-lhes repulsa. O sádico, o homem que humilha a mulher para demonstrar um poder de fachada. Os chamados heróis, como na literatura de Hemingway ou Mailer, essa força ilusória. É o que denunciavam e recusavam essas novas mulheres, inteligentes demais para serem enganadas, muito espertas e orgulhosas para se sujeitarem a esse aparato de poder que, em vez de protegê-las (como acreditavam as gerações anteriores), comprometia suas existências individuais. Elas se voltavam para o poeta, o músico, o cantor, seu colega de estudos sensível - o homem natural, sincero, sem arrogância, sem ostentação, interessado pelos valores reais e não pela ambição, aquele que odeia a guerra, a cupidez, o mercantilismo e o oportunismo político. Enfim, um novo tipo de homem para um novo tipo de mulher. Eles se ajudaram um ao outro na Universidade, dedicaram-se poemas, cartas íntimas onde se abriam um ao outro, eles reconheceram o valor de seu amor, consagraram-lhe tempo, atenção e cuidados. A sensualidade impessoal nunca os interessou. Ambos desejavam fazer apenas o que gostavam. Encontrei muitos casais que cabiam nessa descrição. Um não dominava o outro. Eles partilhavam as diferentes tarefas, cada um executando a que mais lhe convinha, sem papeis fixos ou limites. A gentileza era seu traço comum. Não havia "cabeça" do casal nem responsável pelo sustento da casa. Eles aprenderam a arte sutil tão humana da oscilação. Força e fraqueza não são qualidades imutáveis. Todos nós temos nossos dias de força e de fraqueza. Eles tinham a noção da harmonia, da maleabilidade, da relatividade. Cada um contribuía com o seu saber e suas próprias intuições. Nesses casais não há guerra de sexos. Nem contratos baseados nas regras do matrimonio. A maioria não sente necessidade de se casar. Alguns desejam filhos, outros não. Ambos têm consciência da função do sonho - não como um sintoma de neurose, mas como indicadores da nossa natureza secreta. Eles sabem que um e outro têm qualidades masculinas e femininas. Algumas destas mulheres eram objetos de uma nova angustia. Como se, tendo vivido tanto tempo sob o domínio direto ou indireto do homem (que determinava seu estilo de vida, seus modelos e deveres), elas tivessem se acostumado; e quando isso acabou, que elas estavam livres para tomar decisões, mudar, exprimir seus desejos e dirigir suas próprias vidas se sentiam como barcos sem leme. Vislumbrei essas duvidas em seus olhos. Será que elas deveriam considerar a sensibilidade como gentileza excessiva? A tolerância como fraqueza? Faltava-lhes essa autoridade, essa coisa mesma contra a qual tinham lutado tanto. Afinal, a rotina se instalara há tanto tempo. Mulheres dependentes. Algumas independentes, mas tao poucas em relação às dependentes. E a oferta de um amor total era tão rara. Um amor sem egocentrismo, sem exigências, sem restrições morais. Um amor que não definisse as obrigações das mulheres (você tem de fazer isto e aquilo, me ajudar no meu trabalho e apoiar e estimular a minha carreira). Um amor eqüitativo. Sem tiranias nem ditadores. Estranho. Todo novo. Como um país novo. Não se pode ter ao mesmo tempo dependência e independência. Podemos alterná-las, de tal modo que elas cresçam sem entraves nem obstáculos. O homem sensível tem consciência das necessidades das mulheres. Ele procura deixá-la existir por si mesma. Mas às vezes as mulheres não percebem que os elementos que lhes faltam são exatamente os que impediam sua expansão, sua mobilidade, sua evolução. Elas confundem sensibilidade com fraqueza. Talvez porque falte ao homem sensível a agressividade do "macho" (agressividade que o empurra para a política, os negócios, às expensas de sua vida familiar e das relações pessoais). (...) A antiga posição do homem obcecado pelos negócios, cuja duração da vida era reduzida por uma constante tensão nervosa e terminava com a aposentadoria, foi completamente transformada por uma jovem esposa que encorajava seu "hobby", a pintura, a ponto de levá-lo a se aposentar mais cedo, para poder se dedicar à arte e às viagens. Nestas situações, nota-se um esforço para conciliar os interesses, em vez da antiga insistência imatura nas diferenças irrecuperáveis. Com a maturidade vem a convicção de que as atividades se interligam e alimentam umas às outras. Uma outra fonte de espanto para a nova mulher é a constatação de que muitos dos novos homens não têm mais aquela antiga ambição. Eles não querem perder sua vida à procura da fortuna. Querem viajar enquanto são jovens e viver o presente. Encontrei-os viajando de carona na Grécia, na Itália, na Espanha e na França. Eles viviam totalmente o presente, e aceitavam a fadiga em nome das aventuras vividas. (...)
 A pergunta que as mulheres jovens mais me fazem é a seguinte: como pode uma mulher criar uma vida própria quando é a profissão do marido que comanda sua maneira de viver? Médico, advogado, psicólogo ou professor, é a profissão do marido que determinará o lugar onde devem morar, e, portanto o meio onde conviverão. A conhecida pintora e professora Judy Chicago descobriu, num estudo sobre pintoras, que, enquanto todos os homens tinham seus ateliês separados da casa, as mulheres eram obrigadas a trabalhar na cozinha ou em outra peça da própria casa. Mas muitas mulheres levaram ao pé da letra o titulo de Virginia Woolf, A Room of One's Own (Um Quarto só para Si) e alugaram ateliês separados da residência familiar. Um casal que vivia numa casa de uma só peça instalou uma tenda no terraço para a mulher poder escrever. Mesmo o sentimento de "ir trabalhar", o ato físico de se separar, o sentido de valor que o isolamento confere ao trabalho, tornam-se um estimulo e ajuda. Criar uma nova vida não significava para elas um afastamento ou uma separação. É impressionante como qualquer ruptura ou separação comporta, para a mulher, uma idéia de perda, como se o cordão umbilical simbólico ainda comandasse a sua vida afetiva, como se cada ato constituísse uma ameaça à unidade e aos vínculos. Esse temor próprio das mulheres e não dos homens, foi-lhes, no entanto, inculcado pelos homens. Levados pelas ambições, absorvidos e submersos pelas suas profissões, os homens sempre se separavam de suas famílias e estiveram menos presentes juntos aos filhos. Mas o que aconteceu com eles não tem necessariamente de se reproduzir com as mulheres. São nos sentimentos que residem os vínculos indissolúveis. Não nas horas passadas com o marido e as crianças, mas na qualidade e na plenitude dessa presença. O homem está quase sempre fisicamente presente e mentalmente ausente. A mulher é bem mais capaz de deixar de lado o seu trabalho para se consagrar a um marido exausto ou a um dedo machucado de um filho. (...) Para a nova mulher, assim como para o novo homem, a arte de aliar e conciliar interesses opostos será um desafio. As mulheres de hoje não querem mais um marido inexistente, casado com o Big Business; elas estão dispostas a aceitar uma vida mais simples, que lhes permita aproveitar mais um marido cujo sangue não foi sugado pelas grandes companhias. As novas mulheres renunciam cada vez mais ao luxo. Gosto de vê-las vestidas com simplicidade, descontraídas, naturais, sem máscara. Mas a fase de transição colocou um problema delicado para as mulheres: como deixar de ser dominada, sem identidade, como se unir ao outro sem perder sua identidade? O novo homem tem ajudado bastante porque ele também quer mudar, passar da rigidez à flexibilidade, da mentalidade atrasada a uma mentalidade aberta, dos papéis desconfortáveis à ausência tranqüila de papéis. Uma jovem recebeu certa vez um convite para ser professora em outra cidade. O casal não tinha filhos. O jovem marido disse: "Vá, se é isso que você quer". Se ele não tivesse concordado com essa proposta, que lhe permitia avançar na carreira, ela teria se ressentido. Como ele a deixou partir, ela pensou que ele não a amava o suficiente para retê-la. Ela partiu com a impressão de estar sendo abandonada, e ele também ficou com a impressão de ter sido abandonado. Esses sentimentos ficaram completamente inconscientes. Esta separação de quatro meses poderia ter causado uma ruptura. O que só não aconteceu porque eles acabaram falando sobre esses sentimentos e rindo de suas ambivalências e contradições. Se no inconsciente ainda temos reações impossíveis de controlar, poderemos pelo menos impedi-las de nos prejudicar no presente. Se ambos, inconscientemente, ainda podiam ter medo de serem abandonados, tinham de descobrir um de se libertar do seu comportamento infantil. Escravos de seus terrores infantis, eles nunca teriam podido deixar suas casas. Ao confessarem seus temores, acabaram rindo dessa inconseqüência: querer ao mesmo tempo ser livre e controlado pelo outro. Em geral, a afirmação das diferenças na nova mulher emergente está fortemente marcada por uma impressão de dissonância e de falta de harmonia, mas trata-se apenas de um problema de relações, como na relação entre arte ciência, ciência e psicologia ou religião e ciência. Não são as semelhanças que criam harmonia, mas a arte de combinar entre seus variados elementos que enriquecem a vida. As atividades profissionais costumam exigir um excesso de concentração, o que limita a experiência pessoal. A introdução de novas correntes de pensamento, ao alargar o campo de interesses, é benéfica para homens e mulheres. Talvez certas mulheres novas e certos homens novos tenham medo da aventura e da mudança. Margaret Mead, que procurou um marido que partilhasse de sua paixão pela antropologia, acabou tendo de se dedicar ao estudo do nascimento e da educação das crianças, enquanto o marido se consagrava aos mitos e lendas das tribos. Um interesse comum nem sempre é sinônimo de igualdade. Todos carregamos dentro de nós a semente das ansiedades infantis, mas a vontade de viver com os outros em perfeita harmonia levou-nos a aprender a "integrar as diferenças". Quando observo esses jovens casais, que resolveram os problemas colocados por esta nova consciência e pelas novas posições, sinto que talvez estejamos chegando a uma era de humanismo em que as diferenças e desigualdades serão vencidas sem guerras. Yoko Ono propôs a "feminização da sociedade. A utilização das qualidades femininas como força para mudar o mundo... Evoluir em vez de se revoltar". A capacidade de empatia que os novos homens tem demonstrado com relação as mulheres vem da aceitação, por sua parte, do aspecto afetivo, intuitivo, sensorial e humano de seu próprio comportamento. Eles se permitem chorar (um homem nunca chora), expor sua vulnerabilidade, confessar seus fantasmas e partilhar a sua mais profunda intimidade. Certas mulheres estão confusas com esse novo convívio. Elas ainda não perceberam que para chegar a empatia é preciso sentir até certo ponto o que o outro sente. Isto significa que, se a mulher pretende afirmar sua criatividade e seu talento, o homem tem de demonstrar, por sua vez, sua aversão pelo que se esperava dele no passado. Esse novo tipo de homem jovem que tenho encontrado adapta-se muito bem a nova mulher, mas ela ainda não sabe apreciar completamente sua ternura, sua proximidade cada vez maior com a mulher, seu desejo de semelhança e não de diferença. Todo povo que viveu algum tempo sob uma ditadura em geral é incapaz de se governara si mesmo logo em seguida. Esta incapacidade é transitória: ela pode significar o início de uma vida e de uma liberdade totalmente novas. Aí está o homem. Ele é igual a você. Ele a trata como um igual. Nos momentos de incerteza você ainda pode discutir com ele certos problemas sobre os quais não poderia falar a vinte anos atrás. Como eu costumo dizer as mulheres de hoje - sobretudo não confundam sensibilidade com fraqueza. Esse erro quase levou nossa civilização a ruína. A violência foi confundida com o poder, e o abuso do poder com a força. A submissão ainda aparece em filmes, no teatro, nos meios de comunicação. Gostaria que o herói de O Último Tango em Paris tivesse morrido logo. E ele só morre no fim do filme. Toda a duração de um filme! Será que as mulheres precisarão de tanto tempo para perceber o sadismo, a arrogância, a tirania, tão dolorosamente presentes no mundo, na guerra e na corrupção? Iniciemos uma nova era de honestidade, de confiança, sem falsidade nas nossas relações pessoais; a história do mundo e o desenvolvimento das mulheres sairão ganhando.» 

Anais Nin, "Em busca de um homem sensível", Publicado em Playgirl, Setembro de 1974

Nat King Cole sings "When I Fall in Love"

terça-feira, 18 de junho de 2013

Palavra do dia

No Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, a palavra do dia é "Bigodeira".
Nunca é demais saber:

«(bigode + -eira)

s. f.

1. [Informal]  Bigode grande, farto.
2. [Antigo]  Peça de pano ou de couro que, prendida às orelhas, sujeita o bigode para que não se desmanche durante o sono.
3. Escova de limpar bestas.
4. [Brasil]  Peça de madeira que os criadores aplicam ao focinho dos bezerros, para os desmamarem.»

Eras assim na minha memória


Passavas os dias a jogar à bola, arrastando alegria casa adentro, esquecendo-te por vezes de limpar os pés à entrada - o que te valia um merecido ralhete da mãe.
Bebias o leite com chocolate acompanhando as bolachinhas de aveia, e voavas com a mente descobrindo o mundo, a viver aventuras onde és o rei, e és feliz. 
Vejo-te assim hoje, quando sorris, tão despudoradamente pueril e casto. Um miúdo sem idade, que preza a liberdade, que emana vida e ela palpita bestialmente em ti.

Junho

«Está frio. Lá fora. Quem haveria de dizer, nesta altura. Estão à mesa, tiveram de ligar os aquecedores. Há pouco, na cozinha, ele deu-lhe um beijo no pescoço, depois de abrir o vinho. Ela sorriu, nem perguntou porquê. Está calma, a casa. Não a conhecem de outra forma. Podem, se assim o entenderem, deixar-se ficar em silêncio, a escutar o familiar. A televisão baixinho, o crepitar da frigideira, os passinhos do cão na madeira, a pedinchar um petisco. (...)»
"Junho", in A Casa Quieta, R. G. de Carvalho


domingo, 18 de setembro de 2011

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

domingo, 4 de setembro de 2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Hepburn sempre actual

Audrey Hepburn, uma das embaixadoras da boa vontade da UNICEF, carrega nos braços uma criança Somali, no centro de assistência alimentar daquela instituição, em Baidoa.

Disse Hepburn: «Para muitas é demasiado tarde, mas para muitas, muitas outras, ainda vamos a tempo.», quando se deparou com o impacto do problema da fome junto das crianças na Somália, corria o ano de 1922.

90 anos depois, o problema da fome naquele país mantem-se e as palavras de Lady Audrey Hepburn não podiam ser mais actuais!

Want to be Audrey Hepburn? Just click HERE and HELP!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Uma história simples

«O meu peito estava quente, o meu coração pensativo. (...) Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. (..) Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade ía ser sempre clandestina para mim. Parece que já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, quase em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.»


Clarice Lispector, Felicidade Clandestina

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Excrementos Humanos

«Centenas de habitantes empobrecidos e seropositivos do reino da Suazilândia, sul de África, estão a comer excremento de vaca nas zonas rurais para evitar que a medicação com retrovirais seja efectuada com o estômago vazio.»

Ler Aqui e Aqui e Aqui

Gostava de ter a capacidade de tecer um comentário a esta notícia... lembro apenas que em Setembro de 2010, El rei Mswati III da Suazilândia, e actual monarca, despediu o Ministro da Justiça, depois de o ter apanhado em flagrante delito com a 12ª das suas (do Monarca) 14 mulheres... A "consorte" em questão, de 22 anos... E sinto emergir em mim uma incontrolavel vontade de lhe (ao fofo do Mswati) cantar.... qualquer coisa parecido com isto:




... mas o nível de (in)sanidade mental ainda não me permite dirigir-me a excrementos humanos...

terça-feira, 26 de julho de 2011

domingo, 24 de julho de 2011

Somália... um país com gente dentro




Já outras vezes a situação social da Somália motivou aqui alguns posts....

Não consigo ser indiferente. Resta-me a indignação.... Como disse um dia Pierre Bourdieu: «se o mundo social me é suportável, é porque me indigno.»

Ler Aqui, Aqui, Aqui, Aqui e Aqui.

Bom dia...

... que hoje o país está mais Seguro. Aqui

terça-feira, 19 de julho de 2011

O melhor argumento jamais utilizado...

... em defesa de sua honra, sob a acusação de violação....


Dominique Strauss-Khan dixit

sábado, 16 de julho de 2011

A menina da árvore

«Porque é que o mundo inteiro acontecia para fora, enquanto ela só acontecia para dentro?»

You really got a hold on me...

Acabo de vos deixar com a certeza de que nunca mais voltaremos a estar juntos desta forma.

É o fim de um ciclo. Sei o que me espera... mas sei sobretudo que vocês me farão muita falta. Inevitável... Não consegui estar convosco sem que a imagem mental dos momentos que passamos juntos se repetisse.

Como sempre, esta noite foi tão agradável como todas as outras. Não consegui dizer-vos o quanto gosto de vocês. Sussurrei-vos que sentirei a vossa falta... entre promessas de que sim, me farei de penetra para vos visitar, e de que não perderemos os laços... mas todos sabemos que nunca é assim...

É um momento difícil, este... vocês tornaram-se parte do que sou.

Sei que vocês não sabem sequer que este espaço existe, mas ainda assim não resisto a dizer-vos: Gosto muito de vocês. Sentirei muito a vossa falta!


sexta-feira, 15 de julho de 2011

Tudo sobre... Agrado


«Chamam-me Agrado porque toda a minha vida, sempre tentei agradar aos outros. Além de agradável, sou muito autêntica. Vejam que corpo... Feito à medida. Olhos amendoados: 80ml; Nariz: 200ml (...) Seios: dois, porque não sou nenhum monstro. Setenta mil cada, mas já estão amortizados

Continua: «Custa muito ser autêntica, minha senhora. E nestas coisas não devemos economizar, pois é-se mais autêntica quanto mais se parece com o que se sonhou para si mesma.»

Através da personagem de Agrado, transsexual, a actriz Antonia San Juan conduz-nos inevitavelmente à reflexão sobre o que julgamos ser autêntico e a falsidade; a mentira como forma de sobrevivência e a verdade como impossibilidade.

Todos (?) reconhecemos no uso social da mentira uma inevitabilidade... que nos "livra" de compromissos chatos (pessoais ou profissionais). Sim, porque todos mentimos... Talvez pela necessidade, como refere Simone Weil, de construirmos «uma armadura (...) que permite ao inapto que existe em si sobreviver aos acontecimentos que, sem essa armadura, o aniquilariam...» - e assim compreendemos também, a necessidade de tantos outros de fantasiarem acerca duma verdade que de forma mais ou menos consciente, não passa do recalcamento de uma certeza dolorosa.

Afinal, a verdade só nos é conveniente, quando de encontro à realidade que construímos para nós... E nisso, de facto, Agrado não poderia ser mais autêntica.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Postcards From Italy



Eleven

«Como é que eu não hei-de amar as palavras,

Se no vazio da noite

Em que procuro o calor do teu corpo

Em vão,

A película delas solta-se das coisas

Para trazer o teu nome

Assim,

Nuns dedos

Ávidos da tua mão»


J. P. C.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

segunda-feira, 9 de maio de 2011

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Era uma vez um lugar

Era uma vez um lugar onde havia um pequeno inferno e um pequeno paraíso.

As pessoas gostavam dos dois com a mesma intensidade de quem precisa de ar para viver, e por isso, viviam militantemente insatisfeitas.

- Está mal! - diziam. E porquê? - Porque está mal. Não pode ser assim.

- São todos iguais, não vale a pena fazer nada.

E paulatinamente foram-se dispersando nas suas motivações, sem nunca prescindirem do seu direito à indignação. E não podemos malquerer às pessoas assim, que não prescindem do seu livre-arbítrio, da liberdade de expressão, etc. e tal.

Os senhores do poder, eleitos para representar a insatisfação das pessoas, espelhavam coerentemente, a sua alienação. Também eles diziam que tudo estava mal, e que dessa forma não poderia continuar, claro está.

Um dia o tal lugar ficou saturado dos queixumes das pessoas que lá viviam. Rebela-se e pede a outros lugares, ajuda para restituir a identidade perdida.

Num voo especial chegaram uns senhores que quiseram perceber o fenómeno. Vinham manifestamente preocupados e com vontade de restituir ao lugar a ordem de que precisava. Leram papéis, muitos papéis, e queriam falar com as pessoas para perceber o seu desassossego.

Mas nesse lugar as pessoas reinvindicavam o direito ao descanso. O seu inferno e o seu paraíso maçava-as violentamente e sentiam que não podiam sucumbir, por falta de resiliência, ao seu direito de gritarem que tudo estava mal... como sempre estivera.

Então os senhores que ainda tinham o poder, nesse lugar, autorizaram que todos as pessoas que trabalhavam para o bem-estar do lugar, teriam direito a uma interrupção de cinco dias das suas obrigações para a causa pública, «Considerando a tradição de tolerância de ponto em serviços não essenciais na época de Páscoa (...)» (como centros de saúde, hospitais, tribunais, etc. ...).

Aqueloutros que tinham chegado num voo especial, não percebiam como é que um lugar podia ficar cinco dias fechado. Mas afinal aquele era apenas um lugar. Um lugar com um défice externo como já não havia (muita) memória, com uma taxa oficial de desemprego superior a 11%, com uma taxa de 10% de pessoas a viver a baixo do limiar de pobreza, onde um mês antes as pessoas saíram civilizadamente à rua a reinvindicar um posto de trabalho, é certo, mas apenas um lugar...

Enjoy your easter hollidays Mr(s). funcionário público!

Peer Gynt

«A acção começa nos primeiros anos do século XIX e termina por volta de 1860. Desenrola-se no vale de Gudbrande, (...) na costa de Marrocos (..).». É este o cenário de "Peer Gynt", o poema dramático de Henrik Ibse - um dos grandes expoentes do teatro do realismo moderno.

A obra foi escrita para contar a história de Peder Günt, que Ibsen teve oportunidade de conhecer, com o título original de "Peer Gynt - o Imperador de si mesmo".


"Peer Gynt" relata a viagem da personagem ao encontro de si mesmo, procurando evitar que a sua alma se dilua em não mais que coisa nenhuma. «Não me mereço.», «Necessito de tempo para pensar.», diz em dado momento.


«Ora vencida, ora vencedora, esta eterna criança que vive num mundo que está para além do bem e do mal, em que só a liberdade e a fantasia a guiam, mas que a torna surda em relação aos outros e cega para si próprio. Peer Gynt não se quer confrontar com a sua solidão, a sua fragilidade e a sua morte. Apesar do seu profundo e vital instinto de sobrevivência, a ligeireza e a pouca consistência das suas elaborações mentais não são mais do que aparências, numa vida sempre deslocada e sem raízes. Os seus desejos e sonhos (ou pesadelos) sucedem-se e desaparecem, sem que nada seja verdadeiramente modificado. Só lhe resta a fuga para a frente!

Santo ou criminoso, Peer Gynt tem a consciência que é socialmente um banido, que não está bem no real, mesmo que finja que não se preocupa com isso.(...)», descreve José Wallenstein que levou a cena no passado mês de Março a peça, na Fundação Calouste Gulbenkian, por convite do Serviço da Música daquela.

É, aliás, da autoria de Edvard Grieg, a composição em duas suites do acompanhamento musical da representação declamada de "Peer Gynt", que começa com "Amanhecer", uma melodia de flauta, representando justamente, um amanhecer na Noruega:






O interesse pelo intrincado "Peer Gynt" tem-se feito sentir por cá e além fronteiras, inclusivé no filme homónimo de Uwe Janson:







«Um homem que é ele mesmo, aí é que está o problema, eu sou eu mesmo do princípio ao fim», conclui Peer Gynt, de si próprio.


Post Scriptum: Não resisti à síntese de Vera Peneda (num artigo sobre "História de um mentiroso", encenada por João Garcia Miguel) descrevendo Peer Gynt, daí a adenda. Ei-la: «Ele sonhou ser imperador, procurou a glória pessoal e resistiu aos golpes do destino. Quando parecia ter dado o melhor para ser ele próprio, Gynt descobre que é um grandioso fracasso e que a sua vida é uma mentira colossal. No fim, é apanhado pelo amor, perde a alma e morre.»

segunda-feira, 18 de abril de 2011

domingo, 17 de abril de 2011

Enquanto o Sam tocava

Durante a 2ª Grande Guerra, Ilsa e Rick apaixonam-se em Paris, enquanto a cidade estava ocupada pelos Alemães.


Reencontram-se mais tarde em Marrocos, no bar do hotel (actualmente da cadeia Hyatt) explorado por Rick, enquanto aguardam um visto para embarcarem para Lisboa e daí para os EUA. Ilsa está acompanhada pelo marido.


É precisamente no decorrer desse encontro no "Rick`s Café Américain", que as personagens interpretadas por Humphrey Bogard e Ingrid Bergman reavivam memórias.


"Casablanca" é um dos mais belos filmes de sempre e decididamente uma história irresistível.


«We`ll allways have Paris»...



O monstro e a bela

O Monstro...
... da escrita, entenda-se. De uma escrita que aprecio especialmente. O polémico Truman Capote, autor do controverso "Travessia de Verão", do reconhecido "Outras vozes, outros lugares", ou "Breakfast at Tiffany`s" cuja adaptação ao cinema, conta com a interpretação da bela... ...Audrey Hepburn, no papel de Holly Golightly. Símbolo de elegância, feminilidade, delicadeza, discrição... Isn`t she wonderful?

Um dos meus filmes de eleição. Vale sempre a pena a (re)ler e (re)ver.

Yeah... I´m easy...



sábado, 16 de abril de 2011

...see you...

«Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,

e o que nos ficou não chega

para afastar o frio de quatro paredes.

Gastámos tudo menos o silêncio.

Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,

gastámos as mãos à força de as apertarmos,

gastámos o relógio e as pedras das esquinas

em esperas inúteis.


Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.

Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;

era como se todas as coisas fossem minhas:

quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.

E eu acreditava.

Acreditava,

porque ao teu lado

todas as coisas eram possíveis.


Mas isso era no tempo dos segredos,

era no tempo em que o teu corpo era um aquário,

era no tempo em que os meus olhos

eram realmente peixes verdes.

Hoje são apenas os meus olhos.

É pouco mas é verdade,

uns olhos como todos os outros.


Já gastámos as palavras.

Quando agora digo: meu amor,

já não se passa absolutamente nada.

E no entanto, antes das palavras gastas,

tenho a certeza

de que todas as coisas estremeciam

só de murmurar o teu nome

no silêncio do meu coração.


Não temos já nada para dar.

Dentro de ti

não há nada que me peça água.

O passado é inútil como um trapo.

E já te disse: as palavras estão gastas.


Adeus.»


Eugénio de Andrade

O meu Mercedes é maior do que o teu...

Miguel Portas 05/04/2011:




Parlamento da Suécia algures durante a 1ª década do século XXI:



domingo, 10 de abril de 2011

Lettie

Descobri-a por acaso, há já alguns meses. Lettie é uma contadora de estórias, que transporta para o palco a visão cinematográfica que imprime às suas composições; muitas vezes inspirada pelos postais antigos que colecciona.

Em 2009 acompanhou Peter Murphy na digressaõ europeia e é possível que venha este ano a Portugal, desta vez just by herself.



sábado, 9 de abril de 2011

Never said "I`ll be back..."

... But here I am today!... Dois anos depois... Porque Inquietude, é de facto, o meu modo de vida.



É sempre reconfortante regressar a casa num final de tarde:


sábado, 16 de maio de 2009

12 points to Flor-de-Lis

Porque...

- Cantam na língua materna, coisa rara para os lados da Eurovisão;

- A música exala as raízes tradicionais Portuguesas, numa roupagem tão comedida entre o antigo e o moderno que a torna tão primaveril;

- O casamento de palavras de Pedro Marques (autor da letra) exemplifica de forma tão feliz a complexidade das coisas simples;

- O despojamento da Daniela Varela que, brincando, se faz valer em palco do único atributo realmente importante: a voz;

- Depois de tanto tempo, conseguiram que os Portugueses ficassem expectantes com o Festival da Eurovisão.

Desde a minha infância/adolescência, que uma canção a concurso à Eurovisão não me entusiasmava. Esta música espelha uma Alma Lusa que me parece mais condicente com um Portugal actual, em construção, jovem, positivo, europeu e globalizado por referência a uma matriz cultural identitária. Este é o meu Portugal, tão bem interpretado pelos Flor-de-Lis.

Flor-de-Lis no myspace aqui

"Se sou tinta Tu és tela

Se sou chuva És aguarela

Se sou sal És branca areia

Se sou mar És maré-cheia

Se sou céu És nuvem nele

Se sou estrela És de encantar

Se sou noite És luz para ela

Se sou dia És o luar

Sou a voz Do coração

Numa carta Aberta ao mundo

Sou o espelho D’emoção

Do teu olhar Profundo

Sou um todo Num instante

Corpo dado Em jeito amante

Sou o tempo Que não passa

Quando a saudade Me abraça

Beija o mar O vento e a lua

Sou um sol Em neve nua

Em todas as ruas Do amor

Serás meu E eu serei tua

Se sou tinta Tu és tela

Se sou chuva És aguarela

Se sou sal És branca areia

Se sou mar És maré cheia

Se sou céu És nuvem nele

Se sou estrela És de encantar

Se sou noite És luz para ela

Se sou dia És o luar

Beija o mar O vento e a lua

Sou um sol Em neve nua

Em todas as ruas Do amor

Serás meu E eu serei tua"

Flor-de-Lis, Todas as Ruas do Amor

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Closing Time

Em Dezembro de 2006 nasceu o INQUIETUDE, sem quaisquer pretensões que não a de me obrigar ao exercício da escrita, traduzindo inquietações pessoais.
.
Durante este período fui visita regular de um ou outro blog de pessoas que admirava, de umas e outras por quem passei a sentir admiração.
.
A disponibilidadade para actualizar a escrita passou a ser desde há alguns meses o grande constrangimento, e outros afazeres tornam-me agora ainda mais indisponível para este espaço que foi em tempos de prazer.
.
Agradeço por isso a todos os que me visitaram, e que eu continuarei a visitar, enquanto o INQUIETUDE desfruta de licença sabática.
.
It`s "Closing Time".
.
Que tenham um fantástico 2009!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

É Natal... Portanto...

Se ainda não tem, é altura de arranjar.
De plástico ou cristal,
pouco importa afinal.
É preciso ter uma...



L

L

Imperdoável seria,

esquecer-se do amigo

e não oferecer o que mais
à quadra dá sentido.

L

L

Melhor seria se nevasse.

O espírito da época

teria maior intensidade.
A família reunida a fazer um ...


E se depois das Festas
ainda sobrar energia,
quando os

tocarem e for hora de acordar,

talvez possamos então

o Natal celebrar.

L

L

L

Feliz Natal!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Parabéns à "São"...

... pelo 60º aniversário.
É uma menina crescida mas tão pouco respeitada, a Declaração Universal dos Direitos Humanos!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Levanta-te e Actua

Hoje é o Dia Mundial da Erradicação da Pobreza.
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Pelo mundo, cerca de 900 milhões de pessoas não têm capacidade de resposta para as necessidades primárias de sobrevivência quotidiana, seis milhões de crianças morrem de fome e outros 161 milhões sofrem de subnutrição crónica.
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Só no dia de hoje, morreram cerca de 50 mil pessoas vítimas de pobreza extrema. É assim todos os dias.
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Em Portugal cerca de 20% da população vive a baixo dos limiares da pobreza.
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Entre os compromissos assumidos pela ONU (e pelos 189 que a integram) para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, foi considerado prioritário até 2015, o pleno emprego e o trabalho decente para todos (incluindo mulheres e jovens), e a redução para metade, da percentagem da população afectada pela fome, e daqueles cujo rendimento é inferior a um dólar por dia.
É por isso urgente, que governos e sociedade civil encarem as verdadeiras causas da pobreza, questionem o actual desequilíbrio na distribuição de riqueza e actuem para que os compromissos sejam de facto cumpridos.
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"Stand Up and Speak Out" é uma inicitiva global, à qual se associa Portugal, que decorre hoje e no dia 19 de Outubro, e que apela para a mobilização dos cidadãos exigindo aos seus governos que se mobilizem para que a meta da ONU até 2015, seja uma realidade.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Ontem foi dia...

... do 865º aniversário do tratado de Zamora que consolida a transmutação do Condado Portucalense em Reino de Portugal.
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«1143: quem não sabe esta data não é bom português!»
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... do 98º aniversário da Implantação da República em Portugal.

Violências

No seguimento desta, desta, desta, desta e outras notícias publicadas, Elza Pais, Presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), e investigadora na área da Violência Doméstica, escreveu num artigo de opinião publicado no Público de hoje:
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«Em Junho de 2008, foi divulgado pela Universidade Nova de Lisboa um estudo inédito promovido pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) sobre a dimensão real da violência doméstica e de género (...)
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Concluiu-se deste estudo que a violência doméstica - em todas as suas variantes (violência física, psicológica, sexual) - diminuiu 10 por cento nos últimos 10 anos. Mas, no sentido inverso, os registos das queixas apresentadas à GNR e à PSP têm vindo a aumentar desde 2000, a uma média anual de 12,2 por cento. No entanto, quando comparamos os números de 2007 com os anos anteriores, verificamos que a tendência crescente das denúncias se mantém, mas que o valor de crescimento baixou no último ano: crescimento de 17,1 por cento em 2005, de 13,2 por cento em 2006 e de 7,1 por cento em 2007. Ou seja, o aumento das denúncias em 2007 (7,1 por cento) foi inferior à média anual de aumento desde 2000 (12,2 por cento), data em que este crime se tornou público e se começou a sistematizar este tipo de dados.
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(...) apesar de a dimensão real da violência doméstica estar a diminuir, os incidentes tendem a revestir-se de uma maior gravidade. (...)
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(...) Sabemos por exemplo que, em 1996, 15,1 por cento dos homicídios eram de natureza conjugal, e que essa percentagem aumentou para 16,4 por cento dez anos depois. Mas carecemos de informações mais precisas e detalhadas. O Observatório da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), que faz o inventário dos casos noticiados pela imprensa escrita, identificou 36 vítimas de homicídio conjugal em 2005, 37 em 2006, 24 vítimas em 2007 e 17 casos até Maio de 2008. Há que olhar com reserva para estes números, já que se trata apenas de casos noticiados nos jornais. A escolha de um tema de notícia depende de critérios jornalísticos muito volúveis e incontroláveis (...) que não permitem tirar conclusões quanto a tendências.
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Não podemos dizer, com base nestes dados, que o homicídio está a aumentar ou a diminuir e muito menos qual a proporção associada a esse eventual aumento, como recentemente alguns fizeram, em notícias e comentários aos casos mais mediáticos.»

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Hoje é dia...

... Mundial da Água

... Mundial da Música


... Mundial do Vegetarianismo

Foto de Sebastião Salgado

... Internacional do Idoso

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Olá, Outono.


Melhor que o espectáculo da queda das folhas, só o som ao pisá-las

domingo, 21 de setembro de 2008

True Love




Tiques

Ler aqui

Happy Birthday Mr. Cohen

O Inquietude dedica mais um post a Leonard Cohen e este (como os outros) com motivo mais que justificado: Mr Cohen celebra hoje o 74º aniversário!
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Apesar do sucesso musical só ter surgido após o reconhecido mérito literário, é sobretudo como músico que granjeia o maior número de fãs.
L
De "Suzanne", a primeira música que gravou em 1966, a "Dear Heather", o último álbum de 2004, foram vários os sucessos e os retiros para se dedicar à escrita e ao estudo do Budismo. Foi aliás, ordenado monge e obteve o nome Dharma de Jikan (o silencioso), em 1996.
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Não renega, todavia, a religião Judaica ou descura a escrita, sendo o último livro de poemas publicado, "Book of Longing", de 2006.
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«I know she is coming
I know she will look
And that is the longing
And this is the book.»
L
Nesse mesmo ano produz o primeiro trabalho de Anjani Thomas (por quem as fãs nutrem uma inexplicável antipatia), sua namorada e antiga vocalista da banda de apoio, do qual é também co-autor.
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Em 2008, e após um afastamento de 15 anos dos palcos, Mr. Cohen vê-se, na sequência de um desfalque milionário da sua manager, obrigado a regressar numa digressão - que começou na Primavera no Canadá e que terminará, tudo indica, a 30 de Novembro em Manchester, no Reino Unido - onde prova estar mais jovial que nunca.
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(Em nome dos fãs de Leonard Cohen, um agradecimento à ex-manager.)
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Happy Birthday Mr. Cohen!

sábado, 13 de setembro de 2008

Dias que passam

Adormecer, sair de casa atrasada, partir uma unha, não ter tempo para almoçar, resolver vários problemas em simultâneo, a imposição de fazer o trabalho de outrem, 15 horas de labuta, uma vitória extraordinária e o reencontro com as pessos de quem se gosta.
Há dias assim... felizes!

sábado, 30 de agosto de 2008

Realidades

Resposta a um inquérito de rua a 850.000 habitantes em Portugal:

"Pensa que existem demasiados imigrantes em Portugal?"
20% - Sim
13% - Não
67% - Oi?

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Morre Lentamente

«Morre lentamente quem não viaja, quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
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Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
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Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
L
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
L
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
L
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atras de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
L
Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de inicia-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
L
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
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Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade."
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Pablo Neruda

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Save Miguel

«(...) Angelina Jolie tem os seus orfãos de todos os países do mundo, Bono tema a sua cena de África, Al Gore tem o "Salvem o Planeta(...)". O Grupo Amorim fez o convite, e Rob Schneider abraçou a causa. "Save Miguel", pela cortiça Portuguesa.

Ver mais aqui

65º Festival de Cinema de Veneza

Começou hoje o Festival de Cinema de Veneza que na 65ª edição homenageia Michelangelo Antonioni, falecido no ano anterior, e Youssef Chahine, realizador egípcio falecido no passado mês de Julho.
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Vinte e um filmes estarão a concurso e a expectativa inicial recai sobre os irmãos Coen, que abrem o festival com "Burn after reading", fora de competição.
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Portugal far-se-á representar pelos sete minutos de "Do visível ao invisível" de Manoel de Oliveira, "sobre a artificialidade da sociedade e do consumo exacerbado", e por “Nuiit de chien”, de Werner Schroeter - uma co-produção Francesa, Alemã e Portuguesa, filmado no Porto e em Lisboa, há cerca de três meses.
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Por ora, pode imaginar-se o frenesim em torno dos ilustríssimos convidados que atravessarão a red carpet, contrariando a habitual tranquilidade do Lido.
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A Biblioteca de Babel: instantes do submundo

«Angola deverá exportar 1,996 milhão de barris de petróleo por dia em Outubro (...)»
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Agência Lusa 18/08/2008
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«(....) 70% dos 14 Milhões de cidadãos Angolanos vivem na miséria ( com um máximo de 1,7 Dólar ( 1,3 EUROS ) por dia, (...) segundo um relatório financiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ( PNUD )»
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«Educação: (...) Cerca de 1/3 das crianças nunca frequentaram uma escola(...)
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Saude: A taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos estimada para Angola é de 250 óbitos por 1,000 crianças nascidas vivas, ou seja, uma em cada quatro crianças morre antes de atingir os 5 anos de idade. (...)
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Nutrição: (...) A desnutrição crónica afecta 45% da população angolana com menos de 5 anos. (...) Os internamentos por mal nutrição nos Centros de Recuperação Nutricional, quintuplicaram, tendo passado de 3.129 em 1998, para 15.755 em 2002. Em 2004, a rede de centros de recuperação regista 1000 intermientos mes (...)»
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Estudo de caso de Angola sobre o Direito Humano à alimentação adequada, Luanda, Fevereiro de 2005
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«Durmo bem, como bem e o que restar do meu prato dou aos meus cães, e não aos pobres»
«Eu semanalmente mando um avião para as minhas fazendas buscar duas cabeças de gado; uma para mim e filhos e outra para os cães.»
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Kundy Paihama, Ministro da Defesa do MPLA, Angola24horas.com, 19/08/2008
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Há uns anos a mesma criatura sugeria aos Angolanos pobres e subnutridos que comessem farelo «porque os porcos também comem e não morrem

The blessed one

Em árabe, "Barack" significa "o que é abençoado".
A julgar pelo discurso da Mrs Obama ontem na Convenção Democrata em Denver, pode dizer-se que de facto, foi abençoado pelo casamento. O público em êxtase, chorou e deixou-se enternecer com as meninas Obama, ao som do "Isn`t she lovely?", no final do discurso da mãe.
É possível que Obama venha a suceder ao baby Bush. É um estratega inteligente e muito ambicioso, que tem recebido o apoio público da maior opinion maker Americana, Oprah Winfrey, e do clã Kennedy.
Por esta altura sucedem-se as referências que povoam o imaginário Americano, a JFK ou M. Luther King, mas o circo esta ainda longe de terminar, com ameaças de morte a reforçarem convicção de Obame ser "o eleito".
Esta quinta feira a expectativa é sobre o discurso que proferirá, no dia em que se celebra o 45º aniversário do discurso de L. King, "I have a dream..."

domingo, 24 de agosto de 2008

Jorge Luís Borges

«Si pudiera vivir nuevamente mi vida,
en la próxima trataría de cometer más errores.
No intentaría ser tan perfecto, me relajaría más.
Sería más tonto de lo que he sido,
de hecho tomaría muy pocas cosas con seriedad.
Sería menos higiénico.
Correría más riesgos,
haría más viajes,
contemplaría más atardeceres,
subiría más montañas, nadaría más ríos.
Iría a más lugares adonde nunca he ido,
comería más helados y menos habas,
tendría más problemas reales y menos imaginarios.
L
Yo fui una de esas personas que vivió sensata
y prolíficamente cada minuto de su vida;
claro que tuve momentos de alegría.
Pero si pudiera volver atrás trataría
de tener solamente buenos momentos.
L
Por si no lo saben, de eso está hecha la vida,
sólo de momentos; no te pierdas el ahora.
L
Yo era uno de esos que nunca
iban a ninguna parte sin un termómetro,
una bolsa de agua caliente,
un paraguas y un paracaídas;
si pudiera volver a vivir, viajaría más liviano.
L
Si pudiera volver a vivir
comenzaría a andar descalzo a principios
de la primavera
y seguiría descalzo hasta concluir el otoño.
Daría más vueltas en calesita,
contemplaría más amaneceres,
y jugaría con más niños,
si tuviera otra vez vida por delante. (...)»
L

Instantes, Jorge Luís Borges




Jorge Luís Borges, um dos mais brilhantes autores de todos os tempos, nasceu neste mesmo dia em 1899, na Argentina.
Faleceu em 1986 cego, doente, e na expectativa do Nobel que nunca lhe foi entregue.