A Ronda da Noite - De Nachtwacht
Com 2006 a terminar, não podia deixar de lembrar Rembrandt.
Rembrandt Hermans van Rijn, mais exactamente.
Nascido a 15 de Julho de 1606 em Leiden e falecido a 4 de Outubro de 1669, em Amsterdam, na Holanda.
Poderia ter sido uma personagem de uma peça trágica, tamanha foi a distância entre o auge do seu sucesso e o mais fundo de seu declínio. Talvez justamente por essa variação tão violenta ele tenha sido a própria personificação do espírito do Barroco.
Rembrandt foi um grande pintor. O mestre da luz e das sombras.
Não são raros, na História da Arte, os artistas incompreendidos pelos seus contemporâneos que acabam por morrer no esquecimento e pobreza, cuja obra será reconhecida e valorizada séculos mais tarde. Rembrandt não foi um deles.
Nasceu no seio de uma família humilde. Alcançou fama e fortuna e acabou por perdê-las, em parte devido à sua própria inaptidão para os negócios, em parte devido à sua rebeldia e má relação com os clientes.
A família de Rembrandt só possuía um moinho, à beira do rio Reno. Os seus quatro irmãos (mais velhos) trabalhavam moendo grãos, e foi a muito custo que o pai pode aceitar a vocação artística do filho. Juntando economias com muito sacrifício, pagou-lhe uma escola de artes em Leiden, durante nove meses.
Todavia, tem a sorte de conhecer Jakob van Swanenburch, que não permite que ele largue os estudos e a prática da pintura. É esse o seu primeiro mestre, quem lhe passa os primeiros ensinamentos e quem o encoraja a ir para Amsterdam.
A viagem dá bons frutos, e Rembrandt, após frequentar o atelier do pintor Pieter Lastman, retorna a Leiden e monta um estúdio com mais dois jovens artistas.
Começa a ganhar fama, atendendo aos vários pedidos de retratos da burguesia holandesa, e os seus quadros passam a valer muito. Os seus clientes são ricos e pagam em dia. Um ano depois de formar o estúdio, pinta "A Lição de Anatomia do Dr. Tulp" - o quadro mais famoso e mais revolucionário da sua carreira.
Foi o seu casamento com Saskia van Ulyenburgh, a filha de um Burguês, que lhe garantiu ascensão financeira e social e, no mesmo ano, atingiu o auge da vida, em todos os aspectos: fama, fortuna, talento e prosperidade.
É a partir daí que começa o seu longo e angustiante declínio.
A casa na qual Rembrandt e Saskia se instalam, no bairro judeu de Amsterdam, vai sendo aos poucos transformada em museu particular: mobiliário antigo, jóias caras, tecidos importados, objetos de decoração e uso prático (como louças e talheres) dignos de peça de colecionador. O casal recebe a fina flor da elite burguesa holandesa, mostrando a todos como prosperam.
No entanto, a morte do primeiro filho, antes que completasse um ano de idade, abala a vida do jovem casal – especialmente a de Rembrandt. E, aproximadamente de dois em dois anos, sucede-se a perda de um ente querido. Morrem igualmente precoces os dois filhos seguintes, e mais tarde a mãe e os irmãos do pintor.
Em 1642, Saskia dá à luz o filho Tito, o único que cresce e chega à vida adulta. A esposa e musa inspiradora de Rembrandt, acaba por morrer também, na consequência do parto. Rembrandt concentra no seu filho a força de viver, mas entra em fracassos consecutivos que o levam a uma crise irreversível.
O famoso quadro "A Mudança de Guarda da Companhia do Capitão Frans Banning Cocq" (apelidado de "A Ronda da Noite") não é aceite pelo cliente (o capitão), por estar completamente fora das expectativas do retratado (ele alegou que queria um retrato seu, não da companhia, além de reclamar o preço excessivo). Rembrandt passa a ser acusado pelos círculos sociais de pintar o que bem deseja, e não o que lhe é encomendado – o que, em boa parte, não era uma mentira.
A partir daí tudo na vida de Rembrandt entra em declínio.
Processos e acções judiciais fazem com que todo o seu património (inclusive os riquíssimos bens da casa-museu) seja delapidado e humilhantemente leiloado em praça pública. Quem o sustenta e dá apoio nessa fase difícil são o filho Tito, agora adolescente, e a jovem que havia sido contratada para ser a ama do filho, Hendrickje Stoffels, e que acaba por se tornar amante do pintor.
Rembrandt pintou mais auto-retratos que qualquer artista da sua época.
Estima-se que tenham ultrapassado uma centena. A centralização no seu próprio rosto como tema dos quadros constrói uma linha de progressiva representação de sua própria história pessoal e como ela foi evoluindo ao longo da sua vida... E ajudou o pintor a expôr a sua sensibilidade, sem se preocupar com o gosto do retratado sobre a obra final.
Fonte: Wikipédia
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