sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Morre Lentamente

«Morre lentamente quem não viaja, quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
L
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
L
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
L
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
L
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
L
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atras de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
L
Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de inicia-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
L
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
L
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade."
L

Pablo Neruda

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